terça-feira, 1 de novembro de 2011

BASIC se reúne para discutir posição na COP 17 e protocolo de Kyoto.


No dia 30 de outubro, foi inaugurado o  Fórum Internacional da China sobre Mudança Climática 2011 para discutir os novos meios de equilibrar as prioridades do crescimento econômico e proteção ambiental, desenvolver as indústrias ecológicas e construir cidades de baixa emissão de carbono. 

De acordo com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, coorganizadora do fórum, o evento conta com a participação de mais de 200 funcionários públicos, acadêmicos e empresários da China e de representantes de diversos países europeus. 

Um dos objetivos do fórum é receber sugestões sobre métodos para frear as emissões de gases de efeito estufa e desenvolver os mercados do comércio de carbono, com a esperança de proporcionar idéias para os diálogos sobre o clima que serão realizados no mês que vem em Durban, África do Sul. 

Em Paralelo ao evento está ocorrendo o encontro dos principais países emergentes industrializados, BASIC ( Brasil, África do Sul, Índia e China)  nos dias 31 de outubro e 1º de novembro para discutirem uma posição conjunta na próxima reunião da Conferência das Partes que  tratará das questões climáticas e sobre a continuidade do protocolo de  Kyoto.
A China é disparada o país que mais possui projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) entre os países em desenvolvimento, devido basicamente à sua matriz energética. Vale lembrar que o carvão é responsável por 73% da geração de energia na China, enquanto a matriz hidroelétrica responde por apenas 22% (isso quando está na capacidade máxima dos reservatórios). Esse fato proporciona grande potencial em projetos de MDL por ter um potencial de redução de emissões muito grande.

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo tem suas definições inseridas no art. 12 do Protocolo de Kyoto e suas regulamentações nos acordos de Marrakesh. Esse mecanismo estabelece a criação de projetos de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa e/ou aumento de remoção de CO2 da atmosfera. Essas atividades são implementadas pelas partes do Anexo I (países desenvolvidos) nos territórios das partes do Não-Anexo I (países em desenvolvimento), que irão gerar Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), esses projetos devem conter “adicionalidade”, ou seja, devem ter níveis de emissões de gases de efeito estufa ( GEEs) em um nível inferior ao existente sem sua implementação.
Com a não continuidade do protocolo de Kyoto, os países do não anexo 1 e especialmente os que fazem parte do BASIC poderão sair bem prejudicados por perderem  grandes investimentos em projetos de MDL. 

Por este fato, para aproveitar esse momento, representantes do Brasil, África do Sul, Índia e China pretendem finalizar sua proposta conjunta para a COP17, incluindo sobre o Protocolo de Kyoto, cuja continuidade é considerada por eles como essencial para a transição para uma economia de baixo carbono e para a mitigação do aquecimento global.
Ainda, pelo fato de sediar a COP 17, em Durban os sul-africanos estão alinhados com a proposta do governo de estabelecer limites de emissão para todas as nações que estarão presentes. Assim, a pressão nas ruas deverá trabalhar em favor dos interesses do BASIC.
Por outro lado, caso o protocolo de Kyoto chegue ao fim, o mercado voluntário de geração de créditos de carbono está em ascensão, justamente por agregar valor às ações das grandes empresas que possuem selos verdes tais como ICO2, Dow Jones sustainability index e ISE ( índice de sustentabilidade empresarial), e portanto esta modalidade de investimento tende a manter continuidade no mercado. Além do crescimento de atividades de redução de emissões através da iniciativa proposta pelas nações Unidas de Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação (REDD), que apesar de ainda não ter um acordo assinado já existem projetos em andamento.

De acordo com a embaixada da China, A posição chinesa com relação ao encontro desta semana, é que os países devem assumir responsabilidades comuns mas diferenciadas na luta contra a mudança climática, com os países desenvolvidos encarregando-se da maior parte dos deveres para diminuir suas emissões de carbono, fator causador do aquecimento global.
Portanto, torna-se bastante crítica as discussões sobre as próximas decisões governamentais concernentes às mudanças do clima. Como o assunto aborda os interesses dos principais Estados, e envolve grande fluxo de investimentos internacionais é importante que os acordos agradem todas as partes, e que o futuro do planeta não seja prejudicado pelos interesses econômicos das grandes nações poluidoras.

por Eduardo Beskow, Economista

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Divulgado Ranking das empresas mais verdes do planeta

Publicação norte-americana classifica as 500 maiores companhias do  mundo conforme critérios de sustentabilidade. A seguradora Munich Re foi classificada como a mais verde seguida pela IBM e National Australia Bank. O Bradesco foi o quarto colocado.
Está elevando o número de agências de classificação que listam as atividades sustentáveis das grandes Companhias engajadas com as questões climáticas e ambientais.Muitos são os institutos e organizações que realizam esses levantamentos e está se tornando cada vez maior o marketing voltado para as atividades verdes.

Algo que pode ser considerado avesso às mudanças de comportamento empresariais é o chamado Greenwashing, quando os negócios não tão amigáveis ao meio ambiente muitas vezes realizam ações mínimas para apenas conseguir figurar nos rankings e poder utilizar a palavra “sustentabilidade” em suas propagandas.

O lado positivo é que o número dessas listas e a crescente importância que as empresas dão a elas deixam claro que a atenção com a questão ambiental é de grande relevância. Mesmo que o alto escalão das grandes empresas muitas vezes não estejam interessados com a preservação ambiental e sim com a redução dos custos,  aumento das receitas e acesso à novos mercados, as ações empreendidas pelas companhias acarretam melhorias significativas para o meio ambiente.

Assim, a busca por práticas de eficiência energética, reflorestamento ou apoio às fontes limpas está se tornando uma obrigação para todas as corporações. No atual contexto internacional, ser uma vilã ambiental não é muito vantajoso para os negócios.

O ranking mais recente sobre políticas empresariais voltadas para a preservação ambiental foi divulgado neste domingo (16) pela revista norte-americana Newsweek. A publicação classificou as 500 maiores empresas mundiais conforme critérios de sustentabilidade que levam em conta os impactos ambientais e a transparência das informações disponibilizadas aos clientes.
De acordo com o ranking, a gigante Munich Re é classificada como a empresa mais verde do planeta com a pontuação (Green Score) de 83,6, em uma escala de 0 a 100. Em seguida consta a IBM com 82,5 e o Banco Nacional da Austrália com 82,2. O Bradesco, obteve mesma pontuação de 82,2, mas de acordo com os critérios eliminatórios da metodologia adotada ficou em quarto lugar sendo a companhia brasileira mais bem classificada.

Outras empresas do Brasil presentes no ranking são: Santander (17), Banco do Brasil (50), Itaú (54), Eletrobrás (214), Grupo Pão de Açúcar (248), Vale (312), Petrobrás (364), Ambev (412) e Gerdau (463).
As companhias financeiras acabaram levando vantagem pelos critérios da Newsweek por não mexerem com processos industriais. A publicação garante que como o ranking leva em conta o portfólio de investimentos das  instituições, isso compensa em parte a falta de impactos ambientais diretos. Por exemplo, de acordo com a revista, se uma instituição financeira possui muitos investimentos em empresas com atividades prejudiciais ao meio ambiente, como petroquímicas ou minaradoras, a sua pontuação final acaba sendo reduzida.
Para chegar ao Green Score de cada empresa, a Newsweek soma a pontuação relativa ao Impacto Ambiental com outros dois fatores: Governança Ambiental e Transparência Ambiental.
A governança considera as políticas, ações, programas e metas que cada companhia possui para lidar com a gestão de recursos naturais e com os impactos de suas atividades.

Por outro lado, a pontuação por transparência é concedida para as empresas que divulguem para o público dados de sua pegada ambiental e inventários de emissões de gases do efeito estufa (GEEs).
De acordo com a Newsweek, se os governos estão hesitantes em abraçar a economia de baixo carbono o mesmo não pode ser dito da iniciativa privada. A sustentabilidade corporativa é um dos temas mais relevantes no mundo dos negócios na atualidade e praticamente todas as grandes empresas possuem planos de longo prazo e estão tornando suas atividades mais limpas e eficientes a cada ano.
As 500 companhias avaliadas pelo ranking são responsáveis pelas emissões de mais de 6 bilhões de toneladas de GEEs, o equivalente às emissões dos Estados Unidos.

Podemos concluir que as grandes corporações estão mais aptas a investirem em ações de baixo impacto ambiental. Esses atos são realizados para conquistar novos mercados e elevarem as vendas. Muitas vezes nem se importando com as questões climáticas as diretorias investem em projetos sustentáveis apenas para terem relatórios anuais verdes. Vantagem para todos, pois além de valorizarem seus ativos, a sociedade discorre de grande benefício, e independentemente dos  reais interesses dos acionistas, que visam na maioria das vezes o lucro, dentre as regras do mercado, está a preservação ambiental, forma positiva de reparar os impactos no planeta e que foram de fato iniciados desde os primórdios da revolução Industrial.

Por Eduardo Beskow, Economista

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A ética dos valores na sociedade atual


A 68ª Semana de Oficial da Engenharia da Arquitetura e da Agronomia que ocorreu entre os dias 27 a 30 de setembro na cidade de Florianópolis, SC, discutiu os rumos da pesquisa e da tecnologia no futuro, buscando o crescimento com sustentabilidade. No primeiro dia de encontro ocorreu a palestra da ex-candidata a Presidente e atual Senadora do  Acre Marina Silva.

Em sua palestra, a Senadora tratou a temática da sustentabilidade e das ações governamentais que estão ocorrendo no Brasil e no mundo. Em seu discurso, foi relatado que estamos vivendo em um mundo em crise em que as três esferas da sociedade: esfera social, ambiental e de valores precisam ser rediscutidas.
De acordo com a Senadora, a esfera de valores é a mais grave. Estamos passando por uma crise civilizatória. É preciso que tenhamos um olhar com sentido de urgência, se não vamos banalizar a crise. O problema da atual sociedade é que ou as crises são tão pequenas que não se precisa fazer nada ou são tão grandes que nada pode ser feito.

Foi evidenciada teoria do psicanalista Fábio Hernandez ao qual, estamos vivenciando o princípio do absurdo, em que algo que extrapola a cota de si mesmo acaba por se transformar o seu contrário, ou seja, nos meses de antecedência da crise financeira, a festa era tão grande que acabamos por cair no caos do sistema bancário. Assim, é preciso olharmos a crise com olhar de indagação.

Segundo seu discurso, a crise de 2008 proporcionou milhões de desempregos, um prejuízo de trilhões de dólares, e mesmo assim a crise continua, uma crise econômica, sistêmica, que se eleva a cada dia.
Temos a crise econômica, mas pouco se fala da crise social, constante, que 2 bilhões de seres humanos vivem com menos de um dólar por dia. No Brasil são 16 milhões de pessoas atualmente e já foram 32 milhões de pessoas vivendo com menos de um dólar diário. Foi possível evidenciar uma redução na pobreza no Brasil nos últimos 8 anos. De acordo com Marina, a crise realmente começou em 2008 com tantas pessoas abaixo da linha da pobreza? Como declara Marina, ‘’crise sempre houve, mas quando chegou no andar de cima virou crise econômica-   não podemos banalizar as coisas’’.
A África, Ásia e América Latina estão em uma crise econômica a muito tempo, Desta forma, uma visão dual das coisas não resolvem a complexidade do problema.

Estamos também vivenciando uma crise ambiental: o uso dos recursos naturais está 30% acima da capacidade de suporte do planeta. 95% dos membros do IPCC dizem que temos um problema de aquecimento global, 5% dizem que não. Assim, precisamos trabalhar com o princípio da precaução quando não se tem certeza 100% de algo. É algo tão dramático que se for verdade se tornaria irreversível.

Outro grande problema é a decadência de valores. As pessoas se auto denunciam. A Senadora evidenciou que a  crise de 2008 não foi um problema de técnica e sim de ética. ‘’vamos ser diferentes’’. O desenvolvimento sustentável é uma forma de ser e não de fazer, ‘’é uma experiência humana e civilizatória. ‘’somos aquilo que fazem e fazemos aquilo que somos’’. É o modo de fazer e sim de ser. É desta forma que entra a ética. Torna-se necessário mudar a ética das circunstancias para a ética dos valores.

Já que todo mundo diz o que pensa sobre desenvolvimento sustentável, o termo torna-se uma panacéia, ou seja, remedia qualquer ação ou ato realizado, porém algo intangível e fora da realidade. É por isso que devemos entender o termo Desenvolvimento Sustentável não como abstração e sim uma construção histórica.

Por: Eduardo Beskow, Economista

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Por que tantas definições para Desenvolvimento Sustentável?

Por Eduardo Beskow, Economista.

A história do termo Desenvolvimento Sustentável (DS) tem uma trajetória não muito longa, a qual teve início em princípios dos anos de 1970 quando foi lançado o informe sobre os limites do crescimento elaborado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) sob a direção do professor Dennis Meadows, sob encargo do Clube de Roma e que segundo MARTINS (2001) tiveram as seguintes conclusões:
Se as atuais tendências de crescimento da população mundial, industrialização, contaminação, produção de alimentos e exploração dos recursos continuarem sem modificações, os limites do crescimento no planeta serão alcançados em algum momento dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será uma redução súbita e incontrolável tanto da população como da capacidade industrial.
De acordo com (MARTINS, 2001), à medida que a temática do Desenvolvimento Sustentável passou a ser discutida de forma mais ampla na sociedade (cientistas, técnicos, políticos, empresários, ONGs, etc), foram surgindo outras interpretações com relação ao seu significado segundo as expectativas e interesses dos diversos atores sociais, o que provocou a reflexão sobre as distintas dimensões presentes no desenvolvimento: econômica, social, ambiental, cultural, política, cientifica, tecnológica, jurídica, etc.
A partir desses conceitos, surgem centenas de definições sobre Desenvolvimento Sustentável, refletindo as distintas concepções sobre o que deve ser sustentado, para quem, para que e de que maneira. Isto explica porque são propostos termos tão paradoxais em si mesmos, a exemplo do crescimento sustentável ou sustentado, demonstrando uma profunda confusão entre crescimento e desenvolvimento.
Muitas vezes o Desenvolvimento Sustentável é vinculado ao âmbito exclusivo da economia e do mercado. Segundo HUETING e Reijnders (1998) surgiu um sério debate sobre o caráter “objetivo” e “subjetivo:” do conceito de sustentabilidade.  Um exemplo bastante contundente é citado por CerqueirA (1995) APUD MARTINS (2001:13): “DS é o desenvolvimento que mantém a mais alta taxa de crescimento econômico possível sem aumentar a inflação”. Outro exemplo está contido na mensagem do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, reunido no Rio de Janeiro em 1991:…somente a economia de mercado permitirá aos países um desenvolvimento com bases sustentáveis sem degradar a natureza.. (Baroni, 1992). E há ainda quem diga ser absolutamente necessário ir além da sustentabilidade para que seja possível abordar a atual desordem existente no relacionamento humano com a natureza (JAMIESON, 1998).
Como enfatiza NOBRE e Amazonas (2002), a sustentabilidade é o carro chefe desse processo de institucionalização que insere o meio ambiente na agenda política internacional, além de fazer com que essa dimensão passe a permear a formulação e a implantação de políticas públicas em todos os níveis nos estados nacionais e nos órgãos multilaterais e de caráter supranacional. E, de acordo com VEIGA (2005), um dos principais resultados da disputa política pela definição da sustentabilidade foi um claro predomínio da economia na determinação do que devam ser a teoria e a prática do desenvolvimento sustentável.
Mais do que isso, é o mainstream da teoria econômica, a economia neoclássica em sua vertente ambiental à teoria hegemônica na determinação do que seja o DS e, por consequência, do que seja a própria posição do meio ambiente na prática política, social e econômica.
Por evocar, em última instancia, uma espécie de “ética de perpetuação da humanidade e da vida”, VEIGA (2005) afirma que a expressão sustentabilidade passou a exprimir a necessidade de um uso mais responsável dos recursos ambientais, o que só pode ser complicado para qualquer corrente de pensamento que se fundamente no utilitarismo, individualismo e equilíbrio, como é o caso da economia neoclássica, isto é, numa racionalidade da maximização das utilidades individuais com a resultante determinação do uso “ótimo” ou “eficiente” dos recursos em equilíbrio. Todavia, como “uso ótimo” e “uso sustentável” são categorias que atendem a critérios distintos – o de eficiência e o de eqüidade – AMAZONAS (2002) apresenta a economia ambiental neoclássica como um esforço de compatibilizar “otimalidade”com “sustentabilidade”. E depois de examinar todos os meandros das diversas variantes da economia neoclássica, institucionalista e ecológica, AMAZONAS (2002) conclui que a questão é aberta e de natureza ética: fazer ou não opções normativas na direção do favorecimento de gerações futuras, abrindo mão de afluência imediata (AMAZONAS, 2002).
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De acordo com SACHS (2000), a história nos pregou uma peça cruel. O desenvolvimento sustentável é, evidentemente, incompatível com o jogo sem restrições das forças do mercado. Os mercados são por demais míopes para transcender os curtos prazos (Deepak Nayyar) e cegos para quaisquer considerações que não sejam lucros e a eficiência smithiana de alocação de recursos.
VEIGA (2005) acredita que a sustentabilidade possui sete premissas básicas: a) em primeiro lugar, uma sustentabilidade maior, se puder ser alcançada, significaria uma estabilização da população, globalmente e na maioria das regiões. b) em segundo, práticas econômicas que encorajem a cobrança de custos reais, crescimento em qualidade em vez de quantidade, e a vida a partir dos dividendos da natureza e não do seu capital. c) terceiro, uma tecnologia que tenha comparativamente um baixo impacto ambiental. d) Quarto é preciso que a riqueza seja de alguma forma mais eqüitativamente distribuída, especialmente para que a extrema pobreza deixe de ser comum. e) quinto, são imprescindíveis instituições globais e transnacionais mais fortes para lidar com os problemas globais urgentes. f) Sexto é fundamental um público mais bem informado sobre os desafios múltiplos e interligados do futuro. g) e sétimo e talvez o mais importante e mais difícil de tudo, o predomínio de atitudes que favoreçam a unidade na diversidade, isto é, cooperação e competição não violenta entre tradições culturais diferentes e nações-Estados, assim como a coexistência com os organismos que compartilham a biosfera com os seres humanos.
As distintas dimensões do conceito de DS além de identificar o que deve ser sustentado, determina a quem se destina e para que se necessita da sustentabilidade. A este respeito, diminuir a fome do mundo subdesenvolvido garantindo sua subsistência pode se contrapor, por exemplo, às necessidades presentes e futuras das sociedades desenvolvidas dos países industrializados (MARTINS, 2001). Desta forma, SACHS (2002) afirma que “é necessária uma combinação viável entre economia e ecologia, pois as ciências naturais podem descrever o que é preciso para um mundo sustentável, mas compete às ciências sociais a articulação das estratégias de transição rumo a este caminho.
A partir deste enfoque teórico e do aumento da conscientização mundial surgiu um movimento de amparo das necessidades terrestres, que visa tanto promover o bem-estar global como a manutenção do meio ambiente, sendo ele, o desenvolvimento sustentável que de tanto discutido foram concebidas as tantas definições que se ouvem falar. O aumento crescente das discussões internacionais em paralelo aos desastres ambientais e aumento dos índices de poluição criaram mecanismos de mitigação como forma de frear a degradação ambiental.
A Economia neoclássica acabou se destacando, ao desenvolver os mecanismos de mercado que pudessem frear a degradação do meio ambiente, e ao mesmo tempo ganhar dinheiro com isso. A comercialização dos direitos de poluir, o chamado mercado de créditos de carbono acabou por se destacar. Existem também mecanismos de Pagamentos por Serviços Ambientais, Impostos do chamado “poluidor pagador”, taxas de carbono, regulação, entre outros que foram criados para combater os problemas contemporâneos de degradação ambiental.
Referências bibliográficas
AMAZONAS, M. C. Desenvolvimento sustentável e a teoria econômica: o debate conceitual nas perspectivas neoclássica, institucionalista e da economia ecológica. In: Desenvolvimento sustentável: a institucionalização de um conceito. NOBRE, M.; AMAZONAS, M. C. (org). Brasília: Edições IBAMA,2002.
BARONI, M. Ambigüedades e deficiencias do conceito de desenvolvimento sustentável. Revista de Administracão de Empresas, São Paulo,Abr/Jun, 1992
CERQUEIRA, A.S. Desesenvolvimento Sustentável: Uma Apropriação Crítica do Conceito e da Concepção. São Luiz: SBPC, 1995. APUD: MARTINS, Sérgio Roberto. Agricultura, Ambiente e Sustentabilidade, seus limites para a América Latina.Editora UFP, 2001.
HUETING, Roefie & REIHNDERS, Lucas. Sustainability is na objective concept. Ecological Economics, 27, 1998.
JAMIESON, Dale. Sustainability and beyond. Ecological Economics, 24, 1998.
MARTINS, Sérgio Roberto. Agricultura, Ambiente e Sustentabilidade, seus limites para a América Latina.Editora UFP, 2001.
SACHS, IGNACY. Understanding Development. People, Markets and the State in Mixed Economies. Oxford University Press, 2000
VEIGA, José Elis. Desenvolvimento Sustentável, Caminhos para o século XXI. Editora Garamond, Rio de Janeiro, 2010.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Países amazônicos unem forças contra mudanças climáticas


No dia primeiro de Setembro, em Brasília, foi encerrado o encontro de representantes de sete países amazônicos para definir uma pauta comum de cooperação pela preservação do bioma. Promovida pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, o conferência de coordenação da agenda ambiental foi útil para a troca de experiências e intercâmbio entre as diferentes políticas do Brasil, Bolívia, Suriname, Colômbia, Equador e Peru para o setor.

Os países membros pretendem, ainda, estabelecer entendimentos para fechar uma pauta sobre desenvolvimento sustentável a ser discutida na Rio+20, em 2012 . Eles aprovaram recomendação em prol do engajamento dos estados integrantes da OTCA na preparação da Conferência de Desenvolvimento Sustentável.

De acordo com o diretor do Departamento de Articulação de Ações para a Amazônia, Mauro Pires, que ministrou a palestra de abertura do encontro, a ideia  seria buscar o alinhamento das distintas agendas ambientais dos países que fazem parte da Amazônia. O secretário geral da OTCA, Embaixador Alexandro Gordilho, salientou a importância de sistematizar as informações e os mecanismos de coordenação das autoridades de meio ambiente do tratado.

Os representantes dos países membros discutiram, ainda, as melhores diretrizes para a Plataforma de Cooperação Ambiental Amazônica. A proposta seria encontrar mecanismos de cooperação técnica e financeira para fortalecer a Agenda Ambiental do tratado. Os países entendem que essa é a forma mais racional para o enfrentamento conjunto dos desafios e impactos das mudanças climáticas sobre o bioma. Os países membros devem enviar, até o dia 16 de setembro, sugestões para consolidar a plataforma.

Se for  aprovado pelos Governos que compõem a OTCA, a Segunda Reunião de Ministros do Meio Ambiente, no primeiro trimestre de 2012, será realizada no Peru. A próxima reunião de coordenação da agenda ambiental da OTCA seria, caso aprovada recomendação nesse sentido, prévia ao encontro dos ministros.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Delegação Norte Americana pretende expandir negócios ambientais no Brasil


No dia 15 de agosto, a Ministra do Meio Ambiente Isabel Teixeira recebeu a Ministra do Meio Ambiente norte americana Lisa Jackson acompanhada de uma delegação que contava com o prefeito da Filadélfia, Michael Nutter, e grandes investidores tais quais: representantes da Microsoft, The Rockfeller Foundation, Alcoa, Universidade de Harvard, entre outros .

A intensão da visita foi prospectar com diversos investidores a construção de empreendimentos sustentáveis no Brasil incentivada através da iniciativa dos presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff lançado em março deste ano  com a intenção de criar um mercado entre os dois países focado na preservação do meio ambiente.

Os dois países firmaram um acordo de desenvolvimento de programas de sustentabilidade para promover o crescimento de empregos e investimentos no Brasil. Com a vinda da Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, o país terá um orçamento de aproximadamente US$200 bilhões o que garantirá a geração de elevados projetos  voltados para a sustentabilidade.

O principal foco desta parceria Brasil-Estados Unidos é ampliar os investimento em infraestruturas sustentáveis no topo da agenda nacional e reforçar o compromisso de ambos os países em fortalecer a colaboração em matéria de meio ambiente.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Política Nacional de Resíduos Sólidos completa um ano

Hoje,  dia 2 de agosto, a política nacional de resíduos sólidos (PNRS), completou 1 ano.Esse programa do governo federal estabeleceu um marco regulatório para a gestão dos resíduos sólidos. A nova política não só definiu um conjunto de normas a serem seguidas, como vem despertando na sociedade novas formas de consciência ambiental.
O enfrentamento de um dos maiores e mais atuais desafios da sociedade, que é o manejo e a destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos estão sendo resgatados através de conceitos como a responsabilidade e a solidariedade. Até a sua aprovação foram mais de 20 anos de debate no Congresso Nacional e, a aprovação da Política, representa um amplo consenso envolvendo todos os atores que fazem parte dos mais diversos ciclos da produção de resíduos sólidos no Brasil.
A PNRS abrange a temática ampla e variada tais como: reciclagem, rejeitos, responsabilidade compartilhada, reutilização e serviço público de limpeza urbana área contaminada, ciclo de vida do produto, coleta seletiva, controle social, destinação final ambientalmente adequada, gerenciamento de resíduos, gestão integrada, entre outros. E um dos principais focos da Política é gerar trabalho, emprego e renda, por meio da inclusão social de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada, assim como minimizar os impactos ambientais provocados pela disposição inadequada dos resíduos.
Segundo estudo encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) os produtos reciclados possuem grande valor e são uma grande oportunidade para a geração de renda. De acordo com o estudo, o País perde cerca de R$ 8 bilhões por ano quando deixa de reciclar o resíduo que poderia ter outro fim, mas que é encaminhado aos aterros e lixões das cidades. Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB/2008) revelam que 994 municípios brasileiros dispõem do serviço de coleta seletiva. Ou seja, aproximadamente 18% dos municípios já têm esse tipo de serviço.
Para ampliar a divulgação da campanha, é possível acessar o site www.separeolixo.com  com o objetivo de reunir as informações que permitam acompanhar a implantação da Política e sensibilizar a sociedade para o grave problema da destinação do lixo no Brasil.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Singapura: uma cidade que anda na linha


Com obsessão por planejamento, excesso de leis e multas rigorosas, metrópole é hoje uma das mais limpas, organizadas e seguras do mundo

"Todos os dias, cerca de 200.000 pessoas vão morar em cidades. Toda semana, brota uma nova cidade do tamanho de Kyoto ou Barcelona. Em 2050, 70% da população mundial viverá em cidades, em comparação com os 50% de hoje. O desafio das cidades será garantir aos seus 6,4 bilhões de habitantes acesso a energia, água, transporte, emprego e habitação de qualidade." O texto acima, estampado com destaque em uma das entradas do Ministério do Desenvolvimento de Singapura, reflete a preocupação dos governantes dali com o futuro.

A cidade-estado no Sudeste Asiático que ganhou fama pela sua limpeza é obcecada por planejamento urbano. Ali uma maquete gigante ladeada por alguns computadores mostra cada uma de suas atuais construções e as que virão em dois, três, cinco, dez, vinte anos. Isso mesmo, vinte anos. De chorar, se essa realidade for comparada à paulistana, cujas diretrizes do Plano Diretor, em vigor desde 2002, ainda não foram efetivamente implantadas.
O.k. É preciso ponderar que estamos falando de uma ilha com 700 quilômetros quadrados, menos da metade da área do município de São Paulo, com 5 milhões de habitantes (a proporção é de um estrangeiro para cada quatro singapuranos nativos), e cheia de restrições a seus moradores, que pagam caro (não só no sentido literal) caso descumpram suas leis. Não se trata também de uma democracia. Há censura e, sem falar da pena de morte, a punição para determinados delitos (como a pichação) inclui chibatadas. Mas o fato é que a cidade funciona com uma perfeição quase irreal.
veja a notícia completa em: www.planetasustentável.com